E DEPOIS DA ESCOLA? PRECISAMOS CONVERSAR SOBRE ISSO.
Em nossas andanças pelo Brasil para participar de seminários ou ministrar palestras um tema vem chamando minha atenção. Conversando com pais, especialistas, pessoas com down e com meu irmão, a grande preocupação que percebo é sobre quais caminhos e alternativas as pessoas com down podem vislumbrar após a escola.
Penso que já avançamos muito com informações, forma de dar a notícia, equipe para apoiar as famílias quando nasce um bebê com down, obviamente ainda temos um grande caminho a percorrer. Passado o momento inicial a preocupação passa a ser a busca de uma escola. A nova Lei Brasileira de Inclusão (lei 13.146/15) felizmente consagrou o direito a educação inclusiva. As escolas públicas e privadas tem o dever de receber todo e qualquer pessoa com deficiência sem cobrar valores adicionais.
Educação: Vitória no Supremo Tribunal Federal
O ministro Teori afirmou que “uma escola que se preocupe além da questão econômica, em preparar os alunos para a vida, deve na verdade encarar a presença de crianças com deficiência como uma especial oportunidade de apresentar a todas, principalmente as que não têm deficiências, uma lição fundamental de humanidade, um modo de convivência sem exclusões, sem discriminações em um ambiente de fraternidade”.
Para a ministra Rosa, muitos dos problemas que a sociedade enfrenta hoje, entre eles a intolerância, o ódio, desrespeito e sentimento de superioridade em relação ao outro talvez tenham como origem o fato de que gerações anteriores não tenham tido a oportunidade de conviver mais com a diferença. “Não tivemos a oportunidade de participar da construção diária de uma sociedade inclusiva e acolhedora, em que valorizada a diversidade, em que as diferenças sejam vistas como inerentes a todos seres humanos.”
Dito isso o assunto que pretendo abordar é sobre o pós escola. Percebo que muitas famílias estão perdidas em qual caminho seguir. Vale lembrar que cada pessoa é única e deve ser ouvida sobre seus anseios, possibilidades e sonhos. Falar sobre vida adulta das pessoas com down é mais do que indispensável, é urgente. Precisamos nos unir para cobrarmos políticas públicas nesse sentido. Falar de sexualidade, moradia independente , vida laboral não pode ser tabu.
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Pontos Relevantes
De tudo que anotei das conversar que tive com os jovens e adultos com síndrome de down elenco alguns pontos importantes para fomentarmos o debate e iniciativas.( Li também uma pesquisa com jovens espanhóis que vai na mesma linha de reivindicações)
Gostaríamos de ter mais saídas sem os pais
Gostaríamos de menos controle e mais liberadade .
Gostaríamos de ter mais amigos e mais programas
Gostaríamos de ter mais liberdade
Quermos aprender a fazer comida
Queremos mais oportunidades de falar por nós mesmos
Queremos mais informações.
Queremos mais privacidade.
Queremos mais confiança e apoio em casa.
Queremos ter relações completas e reais (sexo, intimidade , confiança para ficar sozinho , para apoiar os nossos projetos de vida ) .
Queremos viver como um casal.
Tripé Essencial
A promoção da autonomia , autodeterminação e as habilidades necessárias para viver de forma independente são a meu ver o tripé que devemos trabalhar incessamente.
Veja mais em http://www.incluo.com.br/blog/dudu-do-cavaco-falando-sobre-autonomia-e-ida-ao-supermercado/
Alguns caminhos que percebo que pode ser um norte para iniciarmos o debate da fase pós escola:
1-Verificar habilidades para as algum tipo de arte e incentivar o treino e a futura profissionalização ( Dança, música, capoeira, etc)
2-Verificar habilidades para as algum tipo de esporte e incentivar o treino e a futura profissionalização ( Judó, Hipismo, Taekendoo, etc)
3- Buscar espaços e instituições que trabalham com ensinamentos práticos para avançar em relação a temática autonomia e tomada de decisões ; ( Lidar com compras, atravessar a rua, fazer um lanche, cozinhar, higiene pessoal, tarefas domésticas, etc)
4- Buscar instituições e entidades que trabalhem a questão da empregabilidade, vida laboral e suas respectivas obrigações ( existem capacitações para assistente administrativo, auxiliar escolar, porteiro, etc)
5- Identificar habilidades e potencialidades e investir na carreira escolhida e viável.
(Sabemos que hoje existem mais de 20 pessoas com down já formadas no ensino superior, tem escritores, reporteres, modelos,Turismólogo, etc)
E você o que pensa sobre o assunto? O que vem fazendo nesse sentido? Conte-nos sua história para publicarmos no portal incluo.
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