Reflexões: E se a sociedade fosse governada pelas pessoas com down?

Hoje, dentro das atividades do programa “Juntos e Misturados” do Instituto Mano Down, sete jovens com síndrome de down foram conhecer a Assembléia Legislativa de Minas Gerais, a convite do Deputado Fred Costa e toda sua calorosa equipe.

Foi um passeio muito agradável, cheio de conteúdo, questionamentos, música, encontros e aprendizados. Durante todo o programa ao adentrar nos meandros da casa, vários pensamentos me ocorreram e me levaram a esta reflexão. Estávamos no centro do poder mineiro e os sete jovens indiferentes aquilo, estavam em busca de aprendizado, de troca, de crescimento, de humanidade, de ensinamentos. A partir daí começava o questionamento. Qual o sentido de termos poder? E se o mundo fosse governado pelas pessoas com down? Como seria?

A força da representatividade                                                                          

Você sabia que na Espanha  há uma vereadora com Síndrome de Down? Angela Bachiller tomou posse na câmara municipal de Valladolid em 2013, após deixar seu antigo trabalho como auxiliar administrativa.  Apesar de ter ficado em 18º nas últimas eleições, havendo 17 vagas, Angela entrou para substituir vereador afastado, acusado de suborno.

Fazer para acontecer

Quando chegamos ao plenário pensei seriamente em lançar a candidatura do meu irmão, Dudu do Cavaco, para vereador. Por um momento abstraí das conversas e adentrei ainda mais no meu sonho. Como pode termos um País dividido? Seres Humanos em pé de guerra (muitas vezes sem respeito a quem pensa diferente)? Uma luta pelo poder em todos os cantos e locais (inclusive no 3 setor)? Milhões de pessoas morrendo por falta de saneamento básico? Desigualdade sem fim?                                                                                                                                                                    

Saí do plenário e continuei pensando com minha pequenez. Como chegamos nesse ponto? Somos valorizados pelo que temos e não pelo que fazemos. Somos julgados pela aparência a cada minuto. Somos ensinados a odiar o diferente (desde do futebol, até a política)

As perguntas continuam rondando minha cabeça, e até o momento, não tenho as respostas. Será que a deficiência maior não esta em nós, ditos “normais”? Deficiência de aprender a viver numa sociedade que gera invisíveis sociais a cada momento. Uma sociedade que segrega sem ao menos questionar o porque. Uma sociedade que te ensina a ser feliz apenas depois do expediente e nos finais de semana. Uma sociedade que nos ensina que trabalho e felicidade não combinam. Uma sociedade que nos ensina a conviver somente como os iguais. Uma sociedade que nos ensina que andar de terno te faz melhor.

Utopia ou Realidade?

Voltei para realidade e olhei no fundo dos olhos do meu irmão e perguntei : Dudu você gostaria de ser candidato? A Resposta veio de bate pronto: Claro que não, minha missão é tocar, Leo!    

Ainda com a mente cheia de questionamentos espero ao menos no meus sonhos um dia poder ver a sociedade ser governada pelas pessoas com down. De uma coisa tenho certeza: Jamais teríamos uma nação desigual e – muitas vezes- desumana.

Alguém aí para sonhar comigo? Conte sua opinião e vamos juntos nessa caminhada!

Por Leonardo Gontijo